MOVIMENTOS, GRANDEZAS E GEOMETRIA DA FERRAMENTA NO PROCESSO DE USINAGEM
Numa definição simples podemos
definir usinagem como sendo o processo
de fabricação onde há a remoção do cavaco. Numa definição mais abrangente podemos dizer que é operação que ao conferir
à peça a forma, as dimensões , o
acabamento, ou ainda, a combinação destes itens , produzem cavacos. A usinagem
é reconhecidamente o processo de fabricação mais popular do mundo,
transformando em cavacos algo em torno de 10% de toda a produção de metais, e
empregando dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo.
Os movimentos entre ferramenta e
peça durante a usinagem são aqueles que permitem a ocorrência do processo, tais
movimentos são considerados durante o projeto e a fabricação de máquinas
ferramentas que realizarão este trabalho. Por convenção, os movimentos sempre
estarão ocorrendo supondo-se a peça parada, portanto, todo movimento é
entendido como sendo realizado pela ferramenta. Esta norma visa padronizar o os
sinais algébricos aos movimentos, tendo sempre a peça como referência, isso
facilita o estudo dos movimentos principalmente quando a usinagem envolve
ferramentas com geometrias complexas.
PRINCIPAIS PROCESSOS DE USINAGEM:
TORNEAMENTO
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FRESAMENTO
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FURAÇÃO
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ALARGAMENTO
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REBAIXAMENTO
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MANDRILAMENTO
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SERRAMENTO
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BROCHAMENTO
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ROSCAMENTO
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LIMAGEM
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RASQUETEAMENTO
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TAMBORAMENTO
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RETIFICAÇÃO
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BRUNIMENTO
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ESPELHAMENTO
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POLIMENTO
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SUPERACABAMENTO
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LAPIDAÇÃO
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LIXAMENTO
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JATEAMENTO
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AFIAÇÃO
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DENTEAMENTO
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Conceitos Básicos
Cavaco - Raspas ou pedaços extraídos do material bruto.Desbaste-Fase inicial da usinagem
Acabamento-Fase final da usinagem
Aresta de corte- A superfície da ferramenta de corte que entra em contato com a peça
MOVIMENTOS DE UMA MÁQUINA FERRAMENTA
Os movimentos podem ser classificados
como ativos e passivos.
Os movimentos ativos são aqueles que promovem
a remoção do material, gerando cavacos, são eles:
Movimento principal de corte- é o movimento entre a ferramenta e a peça que, sem a ocorrência
simultânea do movimento de avanço, provoca a remoção do cavaco durante uma
única rotação ou num curso da ferramenta
Movimento de avanço- Movimento relativo entre a peça e a ferramenta que, juntamente com
o movimento de corte, origina a remoção contínua ou repetida do cavaco durante
várias rotações ou curso da ferramenta. Pode ser contínuo, como no caso
do torneamento e da furação ou intermitente, como no caso do aplainamento
Movimento Efetivo de corte- é o movimento entre a peça e a ferramenta, a partir
do qual resulta o processo de usinagem. Quando o movimento de avanço é contínuo
o movimento efetivo resulta dos movimentos de corte e avanço realizados
ao mesmo tempo. Quando o movimento de avanço é intermitente, o movimento
efetivo é o próprio movimento de corte
Movimentos passivos São aqueles que, apesar de
fundamentais no processo de usinagem, não tomam parte direta na formação do
cavaco:
Movimento de ajuste- é o movimento
entre a ferramenta e a peça. Na qual é predeterminada a espessura do material a
ser removida. Nos processos de sangramento, furação e brochamento, este
movimento não ocorre, pois a espessura do material a ser removida está definida
pela geometria da ferramenta;
Movimento de correção - é o movimento entre a ferramenta e a peça, empregado para
compensar alterações do posicionamento que, normalmente, ocorrem durante o
processo (desgaste de ferramenta, variações térmicas, deformações plásticas,
etc.);
Movimento de aproximação– aquele
no qual a ferramenta é aproximada da peça antes da usinagem.
Movimento de recuo- é o movimento
entre a ferramenta e a peça com o qual a ferramenta, após a usinagem, é
afastada da peça.
Movimento de ajuste- É aquele que
compensa o desgaste da ferramenta.
A todos esses movimentos são associados direções, sentidos,
velocidades e percursos. As direções são suas direções instantâneas, os
sentidos são aqueles resultantes quando se considera a peça parada e a
ferramenta realizando todo o movimento e as velocidades do movimento são suas
velocidades instantâneas.
Os percursos são considerados nas direções dos movimentos durante
um tempo desejado de evolução do processo
Direção, Velocidade e Percurso
· Direção efetiva, velocidade efetiva (Ve) e percurso efetivo (Ie)
· Direção de corte, velocidade de corte (Vc) e percurso de corte (Ic);
· Direção de avanço, velocidade de avanço (Vc) e Percurso de avanço (Ic);
· Direção de ajuste, velocidade de ajuste (Vz) e percurso de ajuste (Iz)
· Direção de correção, velocidade de correção (Vn) e percurso de correção (In)
· Direção de aproximação, velocidade de aproximação (Va) e percurso de aproximação (Ia)
· Direção de recuo, velocidade de recuo (Vr) e percurso de recuo (Ir)
SUPERFÍCIES
3.1- SUPERFÍCIES NA PEÇA
- Superfícies a usinar- Superfície da peça antes da operação de usinagem;
- Superfície em usinagem- Superfície da peça que está sendo gerada pela ferramenta;
- Superfície usinada- Superfície da peça que foi gerada pelo processo de usinagem.
- Superfície principal de corte- É a superfície de corte gerada pela aresta principal de corte da ferramenta.
- Superfície lateral de corte- É a superfície gerada pela aresta lateral de corte.
As superfícies de corte que permanecem na peça são chamadas superfícies trabalhadas
ELEMENTOS DA FERRAMENTA
- Corpo parte da ferramenta que contém as lâminas de corte ou partilhas intercambiáveis, ou onde são formadas as arestas de corte
- Haste- Parte na qual a ferramenta é fixada;
- Furo- Onde a ferramenta pode ser colocada ou fixada num eixo, árvore ou mandril .
- Eixo da Ferramenta- Linha reta imaginária com relações geométricas definidas com superfícies de locação usadas para a fabricação e afiação da ferramenta ou para fixá-la para a utilização. Geralmente é a linha de centro da haste ou do furo da ferramenta.
- Partes ativas - Partes funcionais ou cortantes da ferramenta e que compreende os elementos geradores de cavaco (gumes, faces e flancos)
- Base- Superfície plana na haste da ferramenta, paralela ou perpendicular ao plano de referência da ferramenta, utilizada para colocar ou orientar a ferramenta na sua fabricação, afiação e medição. Nem todas as ferramentas tem base claramente definidas.
- Cunha- Porção da parte ativa da ferramenta incluída entre a face e o flanco
Sistema de Referência da Ferramenta
- Plano de Referência da Ferramenta ( Pr ) – Plano que, passando pelo ponto de corte escolhido, é perpendicular à direção admitida de corte. É escolhido de forma a ser o mais paralelo ou perpendicular possível a uma superfície ou eixo da ferramenta.
- Plano Admitido de Trabalho (Pf) – Plano que, passando pelo ponto de corte escolhido, é perpendicular ao plano de referência da ferramenta ( Pr ) e é paralelo à direção admitida de avanço. É escolhido de forma a ser o paralelo ou perpendicular possível a uma superfície ou eixo da ferramenta.
- Plano Dorsal da Ferramenta – Plano que, passando pelo ponto de corte escolhido, é perpendicular r aos planos de referência da ferramenta ( Pr ) e admitdo de trabalho (Pf). Também chamado de plano passivo da ferramenta
GEOMETRIA DAS FERRAMENTAS DE
CORTE
Geometria do corte é uma série de propriedades geométricas
das ferramentas de corte capaz de influenciar a vida útil da ferramenta, a
formação e a evacuação de cavacos, a estabilidade e a segurança. Basicamente, a
boa geometria do corte é um ajuste em que a formação de cavacos ocorre de
maneira correta sem muito esforço. O processo de corte bem executado envolve a formação e a evacuação eficazes dos cavacos. Esse procedimento é determinado pela geografia da ferramenta de corte, ou seja, pela forma de posicionamento da aresta de corte no porta ferramentas ou na fresa.
Princípio da cunha cortante |
A geometria da ferramenta de corte exerce influência, juntamente com
outros fatores na usinagem dos metais. É necessário, portanto, definir a
ferramenta através dos ângulos da “cunha” para cortar o material.
Ângulo de saída (γ) para uma ferramenta de torno |
Quanto aos ângulos podemos distinguir:
Ângulos da
ferramenta- São
aqueles obtidos pela medição direta na ferramenta, através de instrumentos de
medição. São invariáveis com a mudança de posição da ferramenta e independem
das condições de usinagem. Para o bom rendimento da operação a cunha não pode
ter uma forma qualquer, porque é preciso que a peça seja atacada num ângulo
conveniente
Ângulos efetivos ou de trabalho - Referem-se a ferramenta em operação ou
em trabalho.
Enquanto os
ângulos da ferramenta interessam à execução e manutenção da mesma, os ângulos
efetivos são de grande importância na operação de corte.
Ângulo de folga
(α) e de saída (γ) para uma ferramenta de corte de plaina
|
- Resistência do material da ferramenta, e
- Resistência e dureza da peça a ser usinada
Angulo de saída (ϓ) Ângulo entre a superfície de saída e o plano
de referência da ferramenta. Também conhecido como ângulo de desprendimento, possui as seguintes características:
Influi
decisivamente na força e na potência necessária ao corte, no acabamento superficial
e no calor gerado. Quanto maior for o ângulo γ menor será o trabalho de
dobramento do cavaco. O ângulo γ depende principalmente de :
Ângulo de saída (γ ) para uma ferramenta de torno |
o
Resistência do material da ferramenta e da peça a
usinar;
o
quantidade de calor gerado pelo corte;
o
velocidade de avanço.
O ângulo γ negativo é muito usado para corte de
materiais de difícil usinabilidade e em cortes interrompidos, com o
inconveniente da necessidade de maior força de e potências de usinagem e maior
calor gerado pela ferramenta, geralmente o ângulo γ está entre –10° e 30°.
O ângulo
de saída pode ser positivo, nulo ou negativo
Ângulo de
cunha ( β
) O ângulo de cunha é
dimensionado de acordo com a resistência que o material usinado oferece ao
corte. Essa resistência será tanto maior quando maior for a dureza e a
tenacidade do material.
Somente o ângulo de cunha não garante
que o material seja cortado com sucesso, outros ângulos também assumem papel
importante e estão relacionados com a posição da ferramenta em relação a peça.
A figura anterior ilustra uma ferramenta
de corte (ferramenta de plaina) com os ângulos de folga(α), e de saída(γ).
Angulo de
direção do gume (Ângulo de posição) (χ) Ângulo
entre o plano de corte (Ps) e o plano de trabalho (Pf). O ângulo de posição
possui as seguintes funções e características:
Influi na
direção de saída do cavaco;
- Se χ diminui, o ângulo de ponta (ε) aumenta , aumentando a resistência da ferramenta e a
- capacidade de dissipação de calor;
- O controle de χ reduz as vibrações, uma vez que as forças de corte estão relacionadas com este ângulo.
- Geralmente o ângulo χ está entre 30° e 90°;
Ângulo de inclinação ( λ )
Ângulo
entre a aresta de corte e o plano de referência. É medido no plano de corte
Funções do ângulo “λ”:
- controlar a direção de saída do cavaco;
- proteger a quina da ferramenta contra impactos;
- atenuar vibrações;
- geralmente λ (ângulo de inclinação) tem um valor de –4° a 4°.
ELEMENTOS DA FERRAMENTA
SUPERFÍCIES
- FACE: Superfície da cunha sobre a qual o cavaco escoa.
- FACE REDUZIDA: É uma superfície que separa a face em duas regiões - face e face reduzida - de modo que o cavaco entre em contato somente com a face reduzida.
- FLANCO: Superfície da cunha voltada para a peça.
- FLANCO PRINCIPAL: Superfície da cunha voltada para a superfície transitória da peça.
- FLANCO SECUNDÁRIO: Superfície da cunha voltada para a superfície usinada da peça.
- QUEBRA CAVACO: São alterações presentes na face reduzida com o objetivo de controlar o tamanho do cavaco de modo que não ofereça risco ao operador e não obstrua o local de trabalho.
GUMES E QUINA
Usado como referência para medir os ângulos da ferramenta
GUME: É o encontro da face com o flanco,
destinada a operação de corte.
- GUME PRINCIPAL: Interseção da face e do flanco principal.
- GUME SECUNDÁRIO: Interseção da face e do flanco secundário.
- GUME ATIVO: É a parte do gume que realmente está cortando.
- GUME PRINCIPAL ATIVO: É a parte do gume principal que realmente está cortando.
- GUME SECUNDÁRIO ATIVO: É a parte do gume secundário que realmente está cortando.
- QUINA: É o encontro do gume principal com o gume secundário.
SUPERFÍCIES DE CORTE
As seguintes definições adotadas são necessárias
para a determinação dos ângulos da cunha cortante de uma ferramenta de usinagem
Cunha
de corte
É
a cunha formada pelas superfícies de saída e de folga da ferramenta. Através do
movimento relativo entre peça e ferramenta, formam-se os cavacos sobre a cunha
de corte.
Superfície
de folga (Aα) É
a superfície da cunha de corte, que determina a folga entre a ferramenta e a
superfície de usinagem. Distinguem-se a superfície principal de folga Aα e
a superfície secundária de folga Aα’.
Arestas de corte São
as arestas da cunha de corte formadas pelas superfícies de saída e de folga.
Deve-se distinguir a aresta principal de corte S e a aresta secundária
de corte S’.
Ponta de corte Parte
da cunha de corte onde se encontram a aresta principal e a aresta secundária de
corte.
REFERÊNCIAS
CALLISTER, Jr., W. D. – Ciência e Engenharia dos Materiais : Uma Introdução Tradução Sérgio Murilo Stamile Soares – Rio de Janeiro: LTC, 2008.
DINIZ, A. E. – Tecnologia da Usinagem dos Materiais. 3 ed. São Paulo: Artliber Editora, 2001.
STEMMER,Caspar Erich, Ferramentas de Corte: ferramentas simples de tornear, Florianópolis: Editora da UFSC, 1987
LUERKE, Prof. Rogério Luerke, Fundamentos da Usinagem. Apostila do curso Técnico da Escola Técnica Tupy, Joinville, 1976
MACHADO, Álisson Rocha, Teoria da Usinagem dos Materiais- Alexandre Mendes Abrão- Mario Bacci da Silva; Rosalvo Tiago Ruffino, Revisor Técnico- São Paulo, Editora Blucher, 2009
TELECURSO 2000 Profissionalizante. Mecânica: Processos de Fabricação Vol. 2. Rio de Janeiro, Ed. Globo
DINIZ, A. E. – Tecnologia da Usinagem dos Materiais. 3 ed. São Paulo: Artliber Editora, 2001.
STEMMER,Caspar Erich, Ferramentas de Corte: ferramentas simples de tornear, Florianópolis: Editora da UFSC, 1987
LUERKE, Prof. Rogério Luerke, Fundamentos da Usinagem. Apostila do curso Técnico da Escola Técnica Tupy, Joinville, 1976
MACHADO, Álisson Rocha, Teoria da Usinagem dos Materiais- Alexandre Mendes Abrão- Mario Bacci da Silva; Rosalvo Tiago Ruffino, Revisor Técnico- São Paulo, Editora Blucher, 2009
TELECURSO 2000 Profissionalizante. Mecânica: Processos de Fabricação Vol. 2. Rio de Janeiro, Ed. Globo
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