METROLOGIA (REVISÃO)



Resumo do livro FUNDAMENTOS DA METROLOGIA CIENTÍFICA E INDUSTRIAL de Armando Alberttazzi G. Jr. e André R. de Souza

CAPÍTULO 1
MEDIR- É o procedimento experimental pelo qual o valor momentâneo de  grandeza física (mensurado) é determinado como um múltiplo e/ou uma fração de uma unidade, estabelecida por um padrão e reconhecida internacionalmente.
MENSURADO – É o objeto da medição. é a grandeza específica submetida à medição.
INDICAÇÃO – É o valor de uma grandeza fornecido por um sistema de medição.
MEDIR PRA QUÊ?
     Do ponto de vista técnico, a medição pode ser empregada para monitorar, controlar e/ou investigar processos ou fenômenos físicos
MONITORAR
     Monitorar consiste em observar ou registrar passivamente o valor de uma grandeza. O interesse pode estar no seu valor momentâneo, no seu valor acumulado ou na sua evolução histórica. A monitoração é muito usada no comércio para atribuir valor comercial a produtos e para o controle de estoques. É também muito utilizada para revelar informações úteis sobre atividades cotidianas, fenômenos naturais ou artificiais
     São exemplos de monitoração:

  • A observação de parâmetros climáticos com barômetros, termômetros e higrômetros;
  •  A medição da velocidade, volume de combustível ou temperatura do motor de um automóvel; 
  • A indicação do volume transferido por uma bomba de combustível, da massa de um peixe comprado no mercado ou da duração de uma chamada telefônica internacional. 
CONTROLAR

     A operação de controle é sempre de natureza ativa.
     Sistemas de controle têm por objetivo manter uma ou mais grandezas ou um processo dentro de limites predefinidos. O mecanismo inicia-se com a medição de uma ou mais grandezas ligadas ao processo que se pretende controlar.      O valor medido é comparado com o valor de referência e, em função do resultado da comparação, o sistema de controle atua sobre a(s), ou sobre o processo, para mantê-los dentro dos níveis desejados.
     Vários sistemas de controle estão presentes no dia-a-dia:
     O controle da pressão do pneu de um automóvel inicia com a medição da pressão existente. Se a pressão estiver abaixo do valor desejado , o sistema é manual ou automaticamente acionado por um certo tempo para elevar a pressão do pneu. A pressão é novamente medida e comparada com o valor desejado. Se esse ainda não tiver sido atingido, o sistema é novamente acionado para elevar ou reduzir a pressão até que ela atinja o valor desejado; 
     O sistema de controle da temperatura no interior de um refrigerador envolve um sensor, o termostato, que mede a temperatura no interior e a compara com limites preestabelecidos. Se a temperatura estiver acima do limite máximo aceitável, o motor do compressor é ligado e assim permanece até que a temperatura atinja o limite mínimo, quando o motor é desligado. O isolamento térmico da geladeira mantém a temperatura baixa por um certo tempo. O motor do compressor permanece desligado enquanto a temperatura do interior do refrigerador estiver dentro da faixa tolerada, voltando a ser ligado apenas quando o limite máximo de temperatura for novamente ultrapassado; 
     Um míssil balístico programado para atingir um alvo possui um sofisticado sistema de controle. Pode ser disparado de grandes distâncias. Sua posição instantânea é continuamente medida e sua trajetória corrigida para compensar a ação de correntes de vento laterais e para desviar de obstáculos até que atinja o alvo; 
     O sistema de posicionamento de um robô industrial envolve um sistema de controle. Os motores do robô são acionados para aplicar certos ângulos entre as juntas do braço do robô.      Devido ao atrito, às folgas e às limitações do motor, os ângulos efetivamente aplicados normalmente não coincidem com os desejados.      Um sensor existente em cada junta do robô mede o ângulo, que é comparado com o valor desejado. Em função das diferenças encontradas, correções são aplicadas até que o valor desejado de cada ângulo seja atingido.      Esse procedimento melhora muito o desempenho do robô; 
     Também faz parte dessa categoria o controle de qualidade. Envolve um conjunto de procedimentos ou ações elaboradas para manter a qualidade dos produtos ou processos produtivos. Sua essência é basicamente a mesma dos sistemas de controle clássicos. Os produtos ou parâmetro do processo são medidos na linha de produção e sua características comparadas com as especificações técnicas. Em função do resultado dessa comparação ações são realizadas para regular as máquinas e os meios de produção , garantindo que os produtos estejam dentro dos limites estabelecidos pelas especificações. 
INVESTIGAR
     A investigação requer postura proativa.
     Experimentos têm sido e sempre serão os meios mais valiosos para obter conhecimentos em todas as áreas da ciência e da atividade industrial. São inúmeras as descobertas científicas que foram materializadas por meio de experimentos bem planejados e bem conduzidos e graças à astúcia de mentes brilhantes que analisaram os resultados. Para que as conclusões certas possam ser tiradas, é necessário medir as grandezas envolvidas de forma confiável. É na investigação que mais se exige dos sistemas de medição. Pequenas diferenças nas grandezas observadas podem revelar a existência de fenômenos até então desconhecidos. Dispor de sistemas de medição capazes de indicar com grande segurança essas pequenas diferenças e de pessoas capacitadas para distinguir essas diferenças das margens de incertezas é um dos maiores fenômenos da metrologia.
     Além de fundamental importância na área científica, a investigação também está fortemente presente na área tecnológica. Por meio de experimentos e de uma grande quantidade de medições, é possível:
     Otimizar o desempenho de um carro de Fórmula 1 quanto à potência , consumo de combustível , estabilidade , segurança do piloto, desgaste dos pneus, etc; 
     Aumentar a eficiência de um aparelho de ar condicionado por meio de otimizações da geometria, materiais e formas de componentes, folgas, rotação, etc.; e pela contínua medição das melhorias obtidas; 
     Aumentar a eficiência de um óleo lubrificante pela adição de quantidades controladas de produtos químicos; 
     Otimizar a composição de novos materiais controlando as quantidades dos elementos químicos que formam a liga e medindo seus efeitos e propriedades resultantes; 
  • Desenvolver, documentar e preservar o know-how de processos industriais; 
  • Desenvolver alimentos industrializados e validar suas propriedades; 
  •    Aumentar a velocidade de microprocessadores por meio do desenvolvimento de novas tecnologias de fabricação de chips e circuitos e pela avaliação de suas características dinâmicas ; 
  • Desenvolver novos modelos de aeronaves por meio de inúmeros experimentos de diversos elementos e conjuntos.
O RESULTADO DA MEDIÇÃO

A operação de controle é sempre de natureza ativa.
     Sistemas de controle têm por objetivo manter uma ou mais grandezas ou um processo dentro de limites predefinidos. O mecanismo inicia-se com a medição de uma ou mais grandezas ligadas ao processo que se pretende controlar. O valor medido é comparado com o valor de referência e, em função do resultado da comparação, o sistema de controle atua sobre a(s), ou sobre o processo, para mantê-los dentro dos níveis desejados.
Vários sistemas de controle estão presentes no dia-a-dia:
RESULTADO-BASE- é a estimativa do valor mensurado que mais se aproxima do seu valor verdadeiro. Corresponde à posição central do resultado da medição.

INCERTEZA OU DÚVIDA?
     Incerteza e dúvida são sinônimos. A incerteza de medição (IM) está relacionada à dúvida presente no resultado da medição. Decorre da ação combinada dos vários componentes de erro que agem sobre o processo de medição. Define o tamanho da faixa , centrada em torno do resultado-base, onde se espera encontrar o valor verdadeiro do mensurado e  é calculada a partir de vários componentes da incerteza, normalmente por métodos estatísticos.
INCERTEZA DE MEDIÇÃO – é a parcela de dúvidas associada à medição. Corresponde à metade do comprimento da faixa simétrica e está centrada em torno do resultado-base, que exprime a faixa de dúvidas associada à medição. 




O RESULTADO DA MEDIÇÃO É A FAIXA DE VALORES DENTRO DA QUAL DEVE ESTAR O VALOR VERDADEIRO DO MENSURADO
CAPÍTULO 3
ERROS DE MEDIÇÃO




     Todos os projéteis do canhão A atingiram o alvo em uma região sempre acima e um pouco para a direita do centro do alvo. Os 20 projéteis não atingiram exatamente a mesma posição no alvo, mas suas marcas se concentram em uma pequena região.      Todos os erros foram relativamente grandes e tiveram valores muito próximos. Por observação, não seria difícil prever a posição aproximada em que o 21º projétil incidiria no alvo: certamente, também estaria acima e um pouco para a direita do centro. Esse é um tipo de erro previsível, denominado de ERRO SISTEMÁTICO
ERRO SISTEMÁTICO – É a parcela previsível do erro. Corresponde ao erro médio
     O canhão B apresenta um comportamento diferente: alguns projéteis atingiram o alvo à direita do seu centro, outros, à esquerda, acima e abaixo. Houve um grande espalhamento em todas as direções. Porém, a média das posições das marcas dos projéteis está muito próxima do centro do alvo. Seria muito difícil prever em que posição o 21º projétil atingiria o alvo se fosse disparado. Poderia ser acima, abaixo, à esquerda, à direita ou em qualquer diagonal. Os erros do canhão B são denominados de ERROS ALEATÓRIOS
ERRO ALEATÓRIO- É a parcela imprevisível do erro. É o agente que faz com que repetições levem a resultados diferentes.

      O canhão C é um sistema de excelente exatidão. Exatidão é a capacidade de um sistema funcional sem erros, tendo sempre um ótimo desempenho. Um sistema que sempre acerta é um sistema com ótima exatidão. A exatidão é uma característica qualitativa que não pode ser associada a um número.
     Precisão e exatidão são dois parâmetros qualitativos associados ao desempenho de um sistema. Um sistema com ótima precisão repete bem, com pequena dispersão. Um sistema com excelente exatidão não apresenta erros.
     Matematicamente, o erro de medição pode ser calculado de uma forma muito simples: E= I-VV sendo:
E ...........erro de medição
I.............indicação do sistema de medição
VV.......... valor verdadeiro do mensurado
     O erro de medição é positivo quando o sistema de medição indica um número maior do que deveria. Na prática, o erro de medição não é sempre constante, muda frequentemente sob a ação de vários fatores aleatórios, como, por exemplo: a ação do operador, as variações das condições ambientais, a passagem do tempo, etc. O erro de medição só pode ser determinado pela equação ( E=I-VV) nos casos em que o verdadeiro valor do mensurado é perfeitamente conhecido. Mas se o valor verdadeiro do mensurado já é conhecido a priori, a medição não é necessária. Essa equação não tem nenhuma utilidade prática, entretanto, ajuda a compreender melhor a natureza do erro de medição , o que possibilita a convivência pacífica com esse erro.
ERRO SISTEMÁTICO, TENDÊNCIA E CORREÇÃO
     O erro sistemático de um sistema de medição pode ser estimado, efetuando-se medições repetitivas de um mensurado cujo valor verdadeiro seja bem conhecido. Quanto maior o número de medições repetitivas melhor será a estimativa do erro sistemático que é calculado por:
ES = I – VV 
sendo:
ES.......erro sistemático
I.................Média de um número infinito de indicações
VV............valor verdadeiro do mensurado
     Dificilmente há tempo útil para se efetuar inúmeras medições e calcular sua média e não se conhece exatamente o valor do mensurado. Na prática, realiza-se uma estimativa aproximada do erro sistemático, denominada tendência
Td = I – VVC

 Sendo:
Td........tendência
I.........média de um número finito de indicações
VVC.....valor verdadeiro convencional do mensurado
Tendência é uma estimativa do erro sistemático

CORREÇÃO




Observando a figura acima, podemos dizer quer a diferença entre a posição média em que os projéteis atingiram o alvo e a posição do centro do alvo é a tendência da arma utilizada e está melhor representada pelo vetor da figura A. Um bom atirador sebe que, para corrigir a tendência da arma em produzir tiros para cima e para a direita, deveria mirar abaixo e um pouco para a esquerda do centro do alvo, como mostra a figura B, ou seja, na posição de marca em cruz do alvo para que os projéteis atinjam o alvo na condição representada pela figura C. A figura B mostra como determinara posição da marca em cruz, subtraindo-se da posição do centro do alvo o vetor que representa a tendência do canhão.
* C = -Td = VVC-I 
 sendo:
C....... correção

Td...... tendência
VVC...valor verdadeiro convencional
I..... média das indicações

VALOR VERDADEIRO CONVENCIONAL
vendo ser próxima o suficiente do valor verdadeiro para as finalidades a que se destina. Na prática, não se conhece o valor exato do mensurado, apenas seu valor aproximado. Então, é: uma estimativa suficientemente próxima do valor verdadeiro do mensurado.
REPETITIVIDADE
REPETITIVIDADE- é a faixa de valores simétricas em torno do valor médio, dentro da qual o erro aleatório de um sistema de medição é esperado com uma certa probabilidade.
     A repetitividade é uma informação extremamente útil para estimar a faixa de incertezas associadas ao resultado da medição.Para caracterizar a repetitividade de um sistema de medição com segurança, é necessário reunir um grande número de indicações todas obtidas de medições repetitivas do mesmo mensurado, e avaliar os limites da faixa de variação.
DISTRIBUIÇÃO DE PROBABILIDADE UNIFORME
Distribuição de probabilidade uniforme ou retangular- é aquela na qual cada evento possível de um experimento possui a mesma probabilidade de ocorrer
INCERTEZA PADRÃO
Incerteza padrão- é uma medida da intensidade da componente aleatória do erro de medição. 
CURVA DE ERROS

     Curva de erros- é o gráfico que representa a distribuição dos erros sistemáticos e aleatórios ao longo da faixa de medição do sistema de medição
     É formada por três linhas (A) a linha central, que contém os valores da tendência, (B) o limite superior da faixa que contém os erros, calculado pela soma da tendência com a repetitividade e (C) o limite inferior da faixa, que contém os erros, calculado subtraindo-se a repetitividade da tendência. Esses valores normalmente se modificam ao longo da faixa de medição; são, portanto, funções do valor da indicação. A forma dessas linhas é imprevisível, depende das características próprias do sistema de medição. A curva de erros contém as informações necessárias para determinar a correção e a repetitividade para cada valor indicado pelo sistema de medição.




Curva de erros em um sistema de medição

FONTES DE ERROS 
     Denomina-se fonte de erros qualquer fator que, agindo sobre o processo de medição, dá origem a erros de medição .
     O operador, o procedimento de medição, a forma de como o mensurado é definido, as condições ambientais do local e o momento em que a medição é realizada, são fatores que independem do sistema de medição mas, também geram erros. 
     São, portanto, fonte de erros que podem ser internas ou externas ao sistema de medição e podem decorrer da interação entre o sistema de medição e o mensurado ou entre o sistema de medição e o operador.
     Fatores internos ao sistema de medição: limitações tecnológicas e econômicas, imperfeições nas partes que o compõem, nas conexões, nos conjuntos, nos circuitos, nos módulos, etc. Foatores externos:ambiente, variaqções mecânicas e de temperatura, campos eletromagnéticos,, flutuações da tensão, variações na frequência da rede elétrica e da temperatura, etc
CAPÍTULO 5 
Calibração
     Calibração é o conjunto de operações que estabelece, sob condições especiais, a relação entre os valores indicados por um instrumento ou sistema de medição ou valores representados por uma medida materializada ou um material de referência e os valores correspondentes das grandezas estabelecidos por padrões.      Utilizando A calibração, é possível verificar a maneira efetiva como os valores indicados pelo sistema de medição se relacionam com os valores do mensurado. 
     A calibração não está restrita aos sistemas de medição, é também utilizada para caracterizar o valor efetivo de medidas materializadas e em materiais de referência. A determinação do valor efetivo de uma massa-padrão ou de um resistor padrão e o comprimento de um bloco-padrão são exemplos de calibrações em medidas materializadas. A determinação efetiva da concentração de um reagente químico, ou do seu pH, são exemplos de resultados de calibrações em materiais de referência. 

     Os valores de referência da calibração são estabelecidos por padrões que são meios de medição de qualidade superior, cujo valor de referência é estabelecido com níveis excelentes de incerteza.
      Massa padrão de 1 Kg, resistor-padrão de 100 Ω, padrão de corrente elétrica, padrão de frequência de césio e eletrodo-padrão de hidrogênio são alguns dos exemplos de padrões de calibração.
     Padrão- é uma medida materializada, instrumento de medição, material de referência ou sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir como referência.
     O resultado da calibração geralmente é registrado em documento específico denominado Resultado de calibração ou relatório de calibração.
CALIBRAÇÃO E AFERIÇÃO SÃO SINÔNIMOS

     Corresponde ao desvio padrão dos erros de medição. É obtida a partir de uma série de medições repetidas do É uma estimativa do valor verdadeiro do mensurado.
VERIFICAÇÃO
     Verificação- é uma calibração simplificada utilizada para testar um sistema de medição, ou medida materializada, está em conformidade com uma dada especificação técnica.
     O procedimento de verificação é concebido para ser, ao mesmo tempo, de fácil aplicação e eficaz. Pela aplicação de um ou dois padrões no sistema de medição a verificar, são quantificados os erros de medição apresentados, que são comparados aos limites de especificação ou aos resultados das últimas calibrações . O teste será bem sucedido se, no(s) pontos(s) verificado(s), o desempenho do sistema de medição não ultrapassar os limites estabelecidos. Neste caso, o sistema de medição deverá continuar em uso, caso contrário, deverá ser substituído .
METROLOGIA LEGAL

A metrologia legal – tem como objetivo principal proteger o consumidos tratando as unidades de medidas, métodos e instrumentos de medição, de acordo com as exigências técnicas e legais obrigatórias. Com a supervisão do governo, o controle metrológico estabelece adequada transparência e confiança com base em ensaio imparciais. A exatidão dos instrumentos de medição garante credibilidade nos campos da economia, saúde, segurança e meio ambiente.
AJUSTE
     Ajuste- é uma operação corretiva destinada a fazer que um instrumento de medição tenha desempenho compatível com o seu uso. O ajuste pode ser automático, semi-automático ou manual.
     O ajuste é efetuado usando os meios que forem necessários para fazer coincidir, da melhor forma possível, a indicação do sistema de medição ou o valor efetivo de uma medida materializada com o valor verdadeiro. Quase sempre o ajuste especializado que, frequentemente, necessita ter acesso a controles internos não disponibilizados pelo fabricante para o usuário comum.

Exemplos de ajustes:
  • a alteração do fator de ampliação (sensibilidade) de um medidor de forças elétrico por meio de um potenciômetro interno; 
  • a regulagem do “zero” de um manômetro por meio de parafuso interno.
REGULAGEM
     A regulagem é, também, uma operação corretiva que visa fazer coincidir, da melhor forma possível, o valor indicado pelo sistema de medição com o valor correspondente do mensurado. Sua diferença em relação ao ajuste é que é realizada pelo usuário comum, com os controles externos naturalmente disponibilizados ao usuário pelo fabricante para este fim.
     Regulagem é um ajuste, empregando somente os recursos disponíveis ao usuário no sistema de medição
Exemplos de regulagem:
  • a regulagem do “zero de uma balança eletrônica mediante um botão apropriado para tal; 
  • a alteração do fator de amplificação (sensibilidade) de um medidor eletrônico de forças por meio de botão externo. 
  • A regulagem não precisa ser seguida de uma nova calibração ou verificação formal . Entretanto, uma rápida verificação pelo próprio usuário é uma medida salutar. 
CALIBRAÇÃO
     A calibração consiste em submeter um sistema de medição a valores conhecidos do mensurado, em condições bem definidas, e avaliar a sua resposta. O número de repetições e o número de diferentes valores do mensurado podem variar conforme a finalidade da calibração. Porém, o valor do mensurado deve ser conhecido com incertezas esperadas para o sistema de medição que está sendo calibrado. Normalmente são usados padrões. Os tipos de padrões e a maneira de empregá-los determinam alguns diferentes métodos de calibração.
CALIBRAÇÃO DIRETA – o padrão utilizado é composto por uma ou um conjunto de medidas materializadas. É diretamente aplicado sobre o sistema de medição a calibrar (SMC). O valor de referência do padrão (valor verdadeiro convencional – VVC ) é comparado com a indicação do sistema de medição a calibrar (ISMC). As incertezas do padrão devem ser suficientemente pequenas para que as eventuais diferenças encontradas entre esses valores possam ser atribuídas aos erros do sistema de medição calibrado.
CALIBRAÇÃO INDIRETA- Esse método é utilizado para certas grandezas em que não existam medidas materializadas ou que seja inconveniente usá-las. A grandeza a medir é gerada por meio de um dispositivo auxiliar. O valor gerado da grandeza não precisa ser bem conhecido, mas deve ser estável. A medição da grandeza é feita pelo sistema de medição a calibrar (SMC) e, simultaneamente, por outro sistema de medição, usado como referência, o sistema de medição-padrão (SMP). As indicações de ambos os sistemas são comparadas




RASTREABILIDADE


Rastreabilidade- é a propriedade do resultado de uma medição ou do valor de um padrão estar relacionado a referências estabelecidas, geralmente padrões nacionais ou internacionais, por meio de uma cadeia contínua de comparações, todas tendo incertezas estabelecidas.
     A rastreabilidade é uma característica muito importante dos padrões e dos sistemas de medição. O referenciamento de todos os sistemas de medição calibrados aos padrões internacionais garante uniformidade nas medições efetuadas em qualquer momento e em qualquer lugar do planeta.


CAPÍTULO 9
CONTROLE DA QUALIDADE

TOLERÂNCIA

     A faixa de variação aceitável para uma característica de um produto, definida de forma a garantir a qualidade com que ele realiza a tarefa para a qual foi projetado. Deve ser feita com base de análise bem ampla.

ASPECTOS ECONÔMICOS DO CONTROLE DE QUALIDADE

Custos da não qualidade-- Custos decorrentes de falhas nos produtos e processos, ocorridos internamente (dentro da empresa) e externamente (fora).
Exemplos:
  • desperdício de energia, matéria –prima e mão de obra, gastos com os itens reprovados (não conforme); 
  • rejeição errônea de produtos com qualidade por erro de classificação; 
  • aprovação errônea de produtos não conforme por erro de classificação que podem chegar ao consumidor final; 
  • atrasos na produção; 
  • custos com retrabalho de produtos defeituosos ou trabalhos mal executados; 
  • indenizações por perdas e danos a consumidores e multas por danos ao meio ambiente; 
  • recall de produtos para trocas ou concertos; 
  • perdas de clientes insatisfeitos para a concorrência, e 
  • prejuízos na imagem da empresa. 
Estes custos podem diminuir significativamente a margem de lucro ou serem fatais para a sobrevivência da empresa.


CUSTOS DA QUALIDADE
INVESTIMENTOS PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DOS PRODUTOS E/OU SERVIÇOS:

  • sistemas novos de produção com melhor desempenho e automatizados;
  •  implementação de mais estações de verificação nas várias fases do processo;
  •  sistemas de medição mais sofisticados e adequados para o controle de qualidade;
  •  calibração mais frequente dos sistemas de medição;
  •  contratação de pessoal mais especializado ou um melhor treinamento de pessoal para as operações de medição e controle de qualidade, e
  •  adequação dos ambientes de medição, criando salas e ambientes mais protegidos de influências ambientais. 
  • Custo da qualidade- despesas realizadas com a avaliação e prevenção das não conformidades
Exemplos:
     Investimentos na aquisição de novos sistemas de medição para o controle da qualidade;elevação de custos: 
  •  com inspeções mais frequentes e demoradas;
  • com mais pessoas envolvidas na área da qualidade.
  • imobilização de capital com equipamentos e salas de medições, e
  • elevação de custos com a calibração e manutenção de equipamentos.
     Custos totais da qualidade- A soma dos custos da qualidade com os custos da não qualidade pequenos gastos com a qualidade tendem a diminuir os gastos com a não qualidade englobam duas categorias: avaliação e prevenção
     Aspectos técnicos do controle de qualidade são duas as principais classes principais de controle praticadas na indústria: controle por variáveis e controle por atributos
Controle por variáveis- o valor numérico e um parâmetro do produto é comparado com os limites definidos pela tolerância
     Controle por atributo- verifica-se a presença ou a ausência de certos atributos do produto
    O parâmetro quantitativo é, normalmente, obtido como resultado de uma operação de medição

LIMITES DE ESPECIFICAÇÃO E INTERVALO DE TOLERÂNCIA
      No controle de qualidade por variáveis, a tolerância representa a faixa de valores aceitáveis e os seus limites extremos são denominados de Limites de Especificação: o Limite Inferior de Especificação (LIE) e o Limite Superior de Especificação (LSI) . Estando dentre desses limites, cada componente, deve ser aprovado pelo controle de qualidade por estarem dentro das especificações. A faixa delimitada por esses limites de especificação é, também, denominada de ZONA DE CONFORMIDADE que vem a ser a faixa de valores compreendida entre os limites de especificação, definidos pela tolerância; o produto será aprovado estando sua característica dentro da zona de conformidade.
Intervalo de tolerância- é o valor numérico do intervalo, calculado pela diferença entre os limites superior e inferior de especificação.
LIMITES DE ACEITAÇÃO

     O conjunto de valores do resultado base, para os quais todo resultado da medição permanece integralmente dentro da zona de conformidade . É menor que a zona de conformidade de uma quantidade igual a duas vezes a incerteza de medição. Para o produto ser aprovado pelo controle de qualidade, o resultado-base deve situar-se dentro da faixa de valores da zona de aceitação.













































































































A condição de equilíbrio é atingida quando a incerteza de medição é da ordem de um décimo do intervalo de tolerância.







CONTROLE 100% E POR AMOSTRAGEM-Todos os itens produzidos são individualmente avaliados e a sua conformidade verificada







CAPITULO 10


CARACTERÍSTICAS DA TAREFA DE MEDIÇÃO


O que medir O mensurado deve ser plenamente caracterizado, deixando claro o porque da medição, o que será medido e a posição que deve ser medido. Definição se há interesse no valor médio do mensurado ou no valor em um momento ou posição pré-definida. Porque medir Explicar as razões por que as medições são necessárias e qual a sua utilidade no contexto da aplicação Como medir Descrever as particularidades ou técnicas especiais relativas à forma de efetuar a medição. Deixar claro se algum período de tempo ou condição devem ser observados antes da medição ser efetuada Faixa de medição Descrever a faixa de valores esperado para o mensurado de acordo com as características do processo produtivo, considerando a presença de peças fora da faixa de tolerância. Sendo conveniente, considerar atuais e possíveis futuros modelos de peças a medir.


INCERTEZA DE MEDIÇÃO


Especificar os níveis de incerteza necessários ao processo de medição considerar: IT= 1/10


como valor alvo típico


Nas aplicações envolvendo controle de qualidade, a Incerteza de Medição (IM), resultante do processo de medição, deve estar em acordo com a equação abaixo, que estabelece que seja da ordem de um décimo do intervalo de tolerância.






IT= 1/10









Em aplicações não destinadas ao controle de qualidade, a incerteza necessária ao processo de medição pode ser tirada em função de requisitos técnicos ou com base em normas e recomendações técnicas.


RESOLUÇÃO


A resolução requerida para o dispositivo mostrador do sistema de medição deve ser especificada. Se for excessivamente grosseira, não será adequada para registrar pequenas variações significativas e degradará a incerteza do processo de medição. Se for excessivamente pequena, poderá dificultar ou tornar a leitura do dispositivo, nos casos em que a leitura não seja automatizada. Embora não exista uma regra rígida que defina o valor adequado da resolução, é razoável adotar a seguinte fórmula:






R= IT/20






R= resolução do de dispositivo IT= intervalo tolerância






VELOCIDADE DE MEDIÇÃO


O tempo máximo admissível para completar a medição de uma peça deve ser especificado de acordo com as necessidades do processo produtivo, o número de peças medidas em determinado intervalo de tempo, alternativamente, pode ser especificado. Esse parâmetro deve ser definido com muito critério , pois possui grande impacto econômico na seleção do sistema; sendo o tempo de medição muito curto, pode ser necessário a utilização de mais de um sistema para operar em paralelo.


TAXA DE MEDIÇÃO


Quando o mensurado varia ao longo do tempo, o sistema de medição deve acompanha-lo e registrá-lo. Nesses casos, a taxa de medição deve ser compatível com a taxa de variação do mensurado . Esse requisito pode ser crítico em alguns processos . Quando o mensurado varia ao longo do tempo, deve ser especificado o número de medições que devem ser realizadas por unidade de tempo.


NÍVEL DE AUTOMAÇÃO


Para controlar processos de fabricação com elevada produtividade podem ser necessários sistemas com elevado grau de automação que possibilite vantagens, rapidez no registro, e um histórico de resultados que permita análises estatísticas diversas ou realimentar o processo produtivo. Esse nível de automação depende , principalmente, do volume e da velocidade exigidos para as medições realizadas. A automação plena envolve a operação de medição, a aquisição, o processamento e a análise dos resultados efetuados inteiramente por computador.


SELEÇÃO DE SISTEMAS DE MEDIÇÃO


No conjunto, os parâmetros que caracterizam a tarefa de medição trazem informações para nortear a seleção de um sistema. Não é raro que vários sistemas disponíveis no mercado atendam plenamente aos requisitos técnicos de uma tarefa de medição relativamente simples. Nesses casos, a seleção será fortemente influenciada por critérios econômicos e/ou logísticos. Há casos em que os requisitos técnicos de uma tarefa mais complexa podem mesmo não vir a ser plenamente satisfatório por nenhum sistema disponível no mercado






AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE MEDIÇÃO



ATENDIMENTO A ASPECTOS TÉCNICOS
















p.s. As figuras do texto também foram retiradas do mesmo livro



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